29 junho 2007

Aliança Mandu e CARE Brasil apóiam criação de bancos comunitários para jovens do Piauí

Um banco comunitário operando em moeda alternativa e dando crédito para a juventude. A idéia parece ousada, mas para o Piauí, este banco significa desenvolvimento sustentável


A CARE Brasil e o projeto Aliança Mandu vão criar bancos comunitários nas cidades de Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia, todas situadas na faixa do litoral piauiense. O objetivo do projeto é impulsionar as ações de geração de trabalho e renda que já são desenvolvidas pelas organizações na região. "A partir da implantação dos bancos comunitários, as políticas de desenvolvimento sustentável adotadas pela CARE e Aliança Mandu no Piauí serão fortalecidas", comenta João Martins, coordenador da CARE, uma das instituições que apóiam o Mandu no estado.


Os bancos comunitários piauienses são voltados para jovens de 16 a 30 anos e vão disponibilizar acesso a crédito e a um fundo com recursos para a formação de pequenos empreendimentos. A inspiração dos bancos comunitários veio da experiência de sucesso da Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira, na cidade de Fortaleza, que em 1988 criou uma instituição financeira chamada Banco Palmas.


O Banco Palmas desenvolve um sistema econômico comunitário que oferece uma linha de microcrédito alternativo para produtores e consumidores do bairro Conjunto Palmeira, de 30 mil habitantes. A moeda do banco é chamada palma e pode ser usada para fazer compras no comércio do bairro e também para empréstimos. O dinheiro alternativo é utilizado principalmente em mercadinhos locais e no financiamento de pequenos negócios. Uma palma é equivalente a R$1,00 e pode ser adquirida no banco através da troca de serviços ou produtos. A experiência mudou a economia do bairro, gerou empregos e aumentou o acesso a bens de consumo da população de baixa renda.

Acreditar no poder da juventude é uma das principais diretrizes dos futuros bancos comunitários do Piauí. Todo o planejamento e gestão dos bancos serão feitos por jovens e contarão com o auxílio técnico da CARE e da Aliança Mandu. O coordenador do Banco Palmas, Joaquim de Melo esteve no litoral piauiense e capacitou alguns jovens para a gestão do projeto. Eles viajaram até Fortaleza e conheceram a comunidade Palmeira e sua experiência de sucesso.


Geildes Bezerra Rocha acredita que a visita foi um bom momento para aprender boas práticas de economia solidária. "Já atuei em vários projetos, trabalhei em uma incubadora na área de artesanato, onde adquiri uma experiência que terá grande valia na implantação de um banco em Parnaíba. Somente com a geração de trabalho e renda é que acabaremos com a pobreza que tanto destrói os sonhos de nossa juventude. A iniciativa daquelas pessoas em montar um banco comunitário demonstra o grau de amadurecimento de valores como associativismo e empreendedorismo, que são vitais para os jovens em áreas pobres do nosso país", conclui Geildes. A jovem tem apenas 22 anos e participa do planejamento de um banco comunitário na cidade de Parnaíba.


Atualmente os jovens buscam o apoio de parcerias locais em Parnaíba. Um cronograma de ações foi montado e já foram realizadas reuniões com representantes dos poderes públicos municipal, estadual e federal, além do empresariado local. Uma das primeiras parcerias será feita com a Secretaria Municipal de Esportes e Juventudes de Parnaíba, que trabalha diretamente com a juventude que será beneficiada com os recursos do banco.


Fábio Santos Araújo, 20 anos, fala com entusiasmo do seu envolvimento com o projeto. "O banco comunitário de Parnaíba não será apenas um banco, como outro qualquer, que empresta dinheiro às pessoas para ter retorno financeiro depois. Será uma ferramenta de desenvolvimento que instigará a comunidade à geração de renda e integração social. Isso sim é cidadania, pois oportuniza que jovens de comunidades carentes possam quebrar o perverso elo da pobreza através de projetos que têm viabilidade econômica e, principalmente, social", finaliza o estudante.

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